quinta-feira, 11 de agosto de 2011

heróis, hipócritas ou ambos


Estava eu a ponderar sobre algumas divagações que comecei a ter ao me decepcionar com a personagem principal de um livro de ficção-romance que estou lendo. Convido-o a acompanhar a linha lógica que levou-me à irritação e revolta...



Imagine uma sociedade utópica que pode ser dita perfeita (para os padrões da obra fictícia). Todos estão satisfeitos com suas vidas, todos estão conformados com as suas vidas, todos tem suas necessidades e desejos prontamente atendidos, as drogas estão liberadas a todos... 'cada um pertence a todos'... e por aí vai. Bom, nesse cenário, surge esse fulano que apesar de ser parte da mais elevada casta, de ter um emprego que lhe dê prestígio e etc, ele não se conforma de modo algum com o estilo de vida que todos levam. Acha tudo muito sem sentido e significado real, e não consegue sentir-se feliz e satisfeito, sente-se isolado, deslocado, desacreditado.
Até essa parte, onde tudo era uma grande e malcheirosa bosta para o personagem, eu o achava o máximo, o herói (ou anti-herói, como queira).


Porém um evento inesperado muda completamente a vida do personagem. Ele faz uma descoberta incrível que o coloca no centro de todas as atenções da sociedade. Todos passam a querer seu amigo, a querer sua companhia, as mulheres passam a deseja-lo... tudo o que ele nunca teve, tudo o que sempre criticou. E o que ele faz quando tem tudo isso? Aceita tudo, se torna igual aos outros que ele próprio criticava com tanta veemência, e ainda se gaba por ter conquistado tudo isso.


“SEU HIPÓCRITA BASTARDO!!!!”

Assim sendo, minha divagação chegou ao seguinte ponto: Ou não existem heróis, por que ninguém é suficientemente capaz de se manter coerente; ou todas as pessoas são hipócritas, cretinas que tentam sobreviver às suas mini-vidas mediócres e estão exalando ansiedade pelos poros enquanto aguardam uma oportunidade para ser como a grande massa e começar a se achar 'o tal' por isso...
E toda essa análise conturbada de uma estória não-real, de um personagem fictício, me levaram a uma pergunta fundamental: seria, eu mesma uma hipócrita?
É importante refletir sobre isso, porém não tenho ainda a resposta a ela. Não me ocorreu nesses 21 anos nenhum acontecimento que me pudesse colocar no topo das atenções, e que fosse assim uma linha tênue entre achar o que sou e me tornar o que nem eu seu que poderia me tornar.

É preocupante... muito preocupante...


Ou então todos heróis são hipócritas, e isso sim explicaria muitas coisas.

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